domingo, 6 de maio de 2007

Enéas:



Foi cremado hoje o corpo do Deputado Enéas Carneiro, fundador do PRONA (agora partido republicano), candidato à Presidente, homem com um bordão, o próprio nome, Enéééééas.

Depois que desistiu de concorrer à Presidência, em 2002, protagonizou o mais notável exemplo contemporâneo da distorção do nosso sistema proporcional com votação uninominal. Recebeu mais de um milhão e meio de votos e elegeu consigo, se não me engano, mais cinco deputados. Ironia, todos mudaram de partido durante a última legislatura.

Enéas era um candidato majoritário em eleição proporcional, assim como Maluf, Ciro Gomes, Arruda, Arraes... Enéas, no entanto, nunca foi um candidato pra ganhar a eleição à Presidência, mas provou ter a simpatia de um segmento expressivo da sociedade, com sua mensagem nacionalista escatológica, o bordão gritado do fundo daquela hisurta barba falante. Enéas foi inventado por Enéas, e deu certo.

Nas últimas eleições, já doente, obteve apenas 300 e tantos mil votos. Creio que alcançou sozinho o quociente de São Paulo e ainda ajudou a legenda. A suplente que assume é dentista e recebeu pouco mais de 3 mil votos.

A morte de Enéas pode representar o fim da era do voto uninominal, se vingar na Reforma Política pelo menos a lista fechada. Mas, se acabar mesmo, o Deputado Clodovil vai reclamar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só para reforçar a idéia.
A votação em Enéas elegeu candidatos como Ildeu Araújo com menos de 400 votos e Vanderlei Assis com o espantoso número de 275 votos, como costumo dizer em sala, número insuficiente para se eleger prefeito de quadra mas suficiente para garantir o direito de representar o maior colégio eleitoral do país.
Tem gente que ainda acredita que nossa democracia é carente de representação política...

Abraços.