sexta-feira, 23 de março de 2007

Mania de professor

é querer explicar as coisas, diria Costa Porto. Concordo com ele e assumo mais essa. Explicar poemas é ainda mais desnecessário, é inútil. Mas, não resisto, fracasso.

No poema cometido no post anterior há duas citações explícitas: o magnífico livro de poemas A Rosa do Povo e, especificamente, o poema A flor e a náusea:

(...)

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Que maravilha o texto drummondiano, sei o tamanho de meu atrevimento...

A outra está no título, paráfrase entortada da canção de Vandré. Utopia democrática.

O resto é didática da invenção e atrevimento.

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