segunda-feira, 30 de abril de 2007

O Fim da América

A escritora americana Naomi Wolf deu entrevista para o portal G1 na qual explica melhor o "alerta patriótico" em que consiste seu livro "O Fim da América". Os leitores daqui sabem que apóio o fim do bushismo. Segundo Wolf, os EUA, sob a batuta de Jr., estão caminhando rumo à ditadura. Leia alguns trechos da entrevista, ou clique aqui para ler tudo.


G1 – O título do seu livro fala em “fim da América”. O que a leva a considerar esta possibilidade?

Naomi Wolf – Meu livro é uma análise apartidária e objetiva de evidências reais de que o país que se proclama a mais perfeita democracia do planeta está cada vez menos democrático. Quero mostrar que há um padrão histórico para fechamento de democracias seja no comunismo da União soviética, da China, na Alemanha nazista, na América Latina nos anos 60 e 70, todos seguiram os mesmo passos ao deixar de lado a democracia e se tornarem ditaduras. São processos bizarramente similares na história, e está começando a acontecer nos Estados Unidos.

Não estou fazendo retórica ou oposição política. Os dez passos são: a referência a uma ameaça permanente (no caso, o terrorismo); criação de um gulag (a prisão de Guantánamo); formação de uma casta violenta (republicanos radicais); montagem de um sistema de vigilância interno (espionagem de cidadãos); opressão de grupos cidadãos (grupos contra a guerra são ameaçados); perseguição e permissão de prisões arbitrárias; ameaça a cidadãos; controle da imprensa; tratamento de dissidência como traição; suspensão do Estado de Direito. Isso é o que o governo Bush está fazendo com o país.

G1 – A sra. diz que não seria diferente se Hillary Clinton se tornasse presidente agora. Acha que seria diferente se Al Gore tivesse vencido as eleições em 2000?

Wolf - Acho que seria bem diferente, se Gore tivesse se tornado presidente, mas agora pode ser tarde demais. É muito perigoso desmontar o delicado sistema de freios e contrapesos que faz com que exista um equilíbrio entre os três poderes, necessário para o funcionamento de uma democracia. Quando a democracia norte-americana foi fundada, os "founding fathers" (“pais fundadores”, membros da assembléia constituinte que criou os Estados Unidos em 1787) sabiam que a natureza humana é falha e que qualquer ser humano se corrompe quando tem poderes ilimitados. No ano 2000 o país ainda funcionava plenamente com equilíbrio entre os três poderes, e Al Gore teria respeitado este sistema, se tivesse sido eleito em 2000, por acreditar neste sistema. A estrutura de então garantia que nem o Executivo, nem o Judiciário nem o Legislativo tinha poderes em excesso. Se qualquer outra pessoa assumir a Presidência agora, depois que o sistema de freios e contrapesos foi destruído pelo governo Bush, vai se sentir completamente tentada pelo excesso de poder, que corrompe.

G1 – Essa é a idéia central do seu trabalho, a corrupção do poder?

Wolf - É um exemplo histórico que se repetiu dezenas de vezes em todo o mundo. Pessoas bem-preparadas, bem-intencionadas, chegam ao poder, mas ,se não há um sistema democrático equilibrado, cede à tentação de poder sem controles. O sistema falho corrompe facilmente qualquer pessoa. Isso aconteceu na Europa, na América Latina, no próprio Brasil. É responsabilidade desse equilíbrio do sistema manter todos os líderes na linha. Manter a democracia precisa não apenas de eleição e votos. É preciso ter pessoas que acreditam na democracia, mas também um sistema equilibrado de freios e contrapesos.
...

Nenhum comentário: