quinta-feira, 14 de junho de 2007

Picciani, o imaturo

O plenário da Câmara anulou hoje a decisão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) de rejeitar o projeto de reforma política em discussão na Casa Legislativa. O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que ocupava interinamente a presidência da Câmara, decidiu anular a decisão da CCJ depois dos intensos protestos de parlamentares favoráveis à reforma.
Os deputados acusam o presidente da CCJ, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), de "golpismo" ao decidir colocar a questão em votação nesta manhã com o plenário esvaziado na comissão. Apesar de 41 deputados terem registrado presença na CCJ, cerca de dez estavam na comissão no momento em que foi votado parecer do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) que considerou a reforma inconstitucional.


Picciani foi acusado de "imaturidade" e "golpismo" por diversos parlamentares uma vez que é contrário à reforma política. "Em dois minutos fizeram essa manobra. Eu só tinha saído da sala enquanto esperava dar quórum e colocaram o parecer em votação. O presidente [da CCJ] decepciona porque isso é golpe de quinta categoria", protestou o líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC).

O líder do DEM na Casa, deputado Onyx Lorenzoni (RS), disse que o partido estuda ingressar com representação no Conselho de Ética contra a conduta de Picciani na CCJ. "Foi uma atitude imatura que se aproxima de molecagem", enfatizou.

Na opinião de Onyx, a CCJ não poderia ter colocado o parecer em votação uma vez que o projeto de reforma política já está em tramitação no plenário da Casa. "O respeito ao trâmite é uma das primeiras regras que deve ser seguida na Câmara", disse.

O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), integrante da CCJ que também não participou da votação, disse que Picciani agiu de má fé porque o havia informado que "nada importante" seria votado na comissão nesta manhã. "Câmara dos Deputados não é grêmio estudantil. Vou levantar questão na CCJ sobre a conduta dele", disse Cardozo.

Apesar das duras críticas à conduta de Picciani, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), disse que o partido vai mantê-lo à frente da CCJ. "O partido não discute isso [a substituição de Picciani] e não admite essa hipótese. Equívocos podem ser cometidos. Há sempre uma solução política para isso", afirmou Alves.

Autor do parecer que provocou a reação dos deputados favoráveis à reforma, o deputado Arnaldo Faria de Sá disse que todos tinham conhecimento de que a matéria entraria hoje na pauta da CCJ. "Eles estão esperneando porque dormiram no ponto. E nesta Casa, dormir de touca é chorar no relento", disse.

Segundo Faria de Sá, a CCJ cumpriu todos os trâmites previstos no regimento da Câmara ao colocar o parecer em votação. "Eu estava presente, tinha quórum registrado, apresentei o meu parecer e não foi pedida verificação de quórum. Portanto, não há nada de errado nisso", defendeu.

Folha On Line

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