sábado, 1 de março de 2008

Obama e a guerra

Leia a seguir a transcrição de uma entrevista conduzida por Michael Gordon e Jeff Zeleny, do "New York Times", com o senador Barack Obama, na sede de seu comitê de campanha, em Chicago, em 1º de novembro do ano passado. Algumas das perguntas foram editadas para maior concisão e clareza, e os materiais irrelevantes foram omitidos.


"New York Times" ­ Quando o sr. formula sua posição sobre como devemos proceder no Iraque de agora em diante, que especialistas consulta? O que forma a base de seu julgamento e avaliação dos próximos passos?

Obama ­ Temos um círculo bastante amplo de assessores. Conversamos com todos entre os "suspeitos habituais' em Washington --diversos especialistas em política externa-- e desde oficiais militares de escalão médio, muitos dos quais já serviram no Iraque, até oficiais de escalão superior, como o general Scott Gration, que comandou diversas missões de combate aéreas e ajudou a nos aconselhar sobre uma série destas questões. Também pessoas como Richard Danzig, um de nossos assessores chaves de política externa. Portanto, é um círculo bastante amplo. Evidentemente, eu me mantenho a par também de relatórios vindos diretamente do campo, embora, de modo geral, não tenhamos contato direto com eles. Meu ex-assessor de política externa é um oficial da inteligência da Marinha estacionado em Anbar. Não temos pessoal online que nos mantenha informados regularmente, de modo que as informações nos chegam com um ou dois meses de atraso, dependendo do caminho que percorrem. Mas estamos levando em conta o que ouvimos em campo de oficiais de escalão médio, e a avaliação geral que estamos recebendo deles é a mesma que vocês estão relatando nos jornais, ou seja, que o aumento grande no número de tropas teve algum impacto do tipo que se espera. Enviamos 30 mil soldados adicionais ao Iraque e houve certa queda na violência terrível vista no ano passado e no início deste ano, mas ainda temos uma situação de violência sectária contínua. Essa violência ainda está acontecendo. Vejo meu papel como candidato e como presidente como sendo o de analisar as questões estratégicas mais amplas que este país precisa enfrentar. Meu plano é baseado nessas preocupações estratégicas mais amplas, compreendendo que estarei em consulta constante com os militares em termos de como vamos executar taticamente uma estratégia que foi proposta, uma estratégia que não será formulada no vazio. Teremos que ouvir os militares que de fato estão em campo.

"New York Times" ­ Então se o sr. se tornar presidente em janeiro de 2009 e herdar uma situação em que provavelmente haverá mais de 100 mil soldados no Iraque --entre dez e 12 brigadas de combate-- e um nível de violência reduzida até certo ponto, mas ainda marcado por tensões sectárias, qual será seu primeiro passo como presidente?

Obama ­ Meu primeiro passo será convocar o Estado-maior conjunto das Forças Armadas, os comandantes militares que estão em campo e estão mais familiarizados com a situação no Iraque. Estou presumindo que Petraeus ainda será nosso líder no traçado de nossas atividades no Iraque, e o encarregarei de uma nova missão, que será dar início à retirada das tropas em várias fases. Será uma retirada responsável. Será conduzida num ritmo que vai assegurar a segurança de nossas tropas e nos dará tempo para preencher o vazio diplomático que considero que o presidente deixou, tanto no Iraque quanto na região. Ela nos dará tempo de nos engajarmos nas atividades humanitárias que serão necessárias, porque a crise humanitária projetada para a retirada já ocorreu. Já temos números enormes de iraquianos desalojados internamente, além de iraquianos refugiados em outros países, então caberá a mim dizer a eles que minha meta estratégica será nos tirar do patrulhamento das ruas e da contra-insurgência. Não vamos realizar atividades de combate cotidianas no Iraque. Como faremos isso de modo responsável e seguro para nossas tropas, e como poderemos casar isso com o tipo de esforços profundos e humanitários que serão necessários para estabilizar o país.

Um comentário:

Mudanças disse...

Algo aponta que Obama não só tornou-se presendente americano por conhecimento de guerilha mais por acima de tudo ter na ponta da lingua as respostas mais coerentes em diversas quastões, principalmente as relacionadas ao Iraque.