quarta-feira, 19 de março de 2008

Tortura privada

O marido da empresária Sílvia Calabresi Lima, 41, acusada de torturar um garota de 12 anos em Goiânia (GO) está prestando depoimento nesta quarta-feira na DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) da cidade. Ele teria admitido que foi procurado pela menina, que mostrou machucados e a falta de um dente, mas nada fez a respeito. Lima está presa desde a segunda-feira (17), quando uma denúncia anônima levou a polícia até o apartamento onde mora, em uma região nobre de Goiânia. Na casa, os policiais encontraram a garota acorrentada e amordaçada. A vítima estava em pé, com as duas mãos presas à grade da janela da área de serviço. Os pés também estavam acorrentados e mal tocavam o chão. A empresária era responsável pela garota. A menina foi foi enviada pelos pais biológicos à casa de Lima para estudar. A empregada de Lima, Vanice Maria Novais, 23, também foi presa acusada de ser co-autora das agressões. À polícia teria confirmado as histórias de tortura. O depoimento do marido da empresária começou por volta das 16h, segundo policiais da DPCA. Ele não ficará preso porque não houve flagrante de tortura, como o que ocorreu com Lima, mas, será indiciado por omissão, já que tinha conhecimento do que ocorria com a garota e não tomou providências. O homem, que é engenheiro civil, alegou que nunca havia presenciado os atos cometidos pela mulher contra a menina pois viaja muito a trabalho. No entanto, ele admitiu que foi alertado pela vítima sobre o que Lima estava fazendo contra ela.
Tortura
O apartamento onde a empresária vivia com o marido e a garota fica no quarto andar de um prédio de classe média alta. Na residência, os policiais encontraram objetos que eram usados por Lima como instrumentos de tortura: cadeados, cordas, correntes, mordaça e dois alicates --estes últimos tinham marcas de sangue. Os alicates eram usados, segundo a polícia, para apertar a cortar a língua da garota. Quando foi encontrada, a menina tinha lesões recentes e outras já cicatrizadas na língua. Para a DPCA, isso é uma evidência de que a tortura acontecia sempre. A menina também tinha outros sinais de sevícias. Nos pés e nas mãos praticamente não havia unhas. Segundo a polícia, as mãos da garota eram apertadas nas portas do apartamento e seus pés recebiam marteladas. Em diversas partes do corpo há sinais de queimaduras feitas com ferro elétrico. A menina também ficava dias sem comer, segundo policiais. A garota relatou algumas das torturas que sofria. "Era muita coisa. Quebrou meu dente e cortou minha língua com alicate. Também batia em meus pés com o martelo, amassava meus dedos na porta, batia a minha cabeça na parede, dava murro no estômago."


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