"Na democracia a profecia vale mais que a memória"
Mangabeira Unger, o epifânico, tomou posse hoje. Impressionante! O Discurso na íntegra está aqui (vídeo uol). Profético, o discurso de Mangabeira foi surpreendente, uma homilia. Nota-se um certo desconforto da platéia no início, mas no final o futuro do Brasil já está devidamente profetizado. Sobra convicção ao professor, inquieto, balançando diante do fuso dos microfones, eu diria que por um instante ele experimenta até um transe, a platéia muda, as olhadas para o Presidente, chamado de senhor, não de excelência, pensei ter visto o desagrado da ministra Dilma, uma coçadinha no bigode de Lula até a apoteose do palestrante: o triunfo da frase poética sem o esperado muito obrigado no final abrupto. Gostei. Falou bonito, nem me lembrava mais que dia era hoje no Brasil.
Ensino público:
“Nossa obsessão nacional será consolidar o ensino público que capacite os brasileiros e aproveite os seus talentos. E que prepare uma sociedade organizada em benefício dos que não tem padrinhos ou heranças. De nossas crianças, sobretudo pobres e negras, surgirão gênios que acordarão a humanidade do torpor do desencanto”
Magnanimidade:
“Senhor presidente, ao convocar-me para esta tarefa o senhor demonstrou magnanimidade. Critiquei com veemência e combati com ardor o seu primeiro governo. A magnanimidade tem duas raízes: grandeza interior e preocupação com o futuro. Orientar-se ao futuro é antever e antecipar uma vitória sobre os constrangimentos do presente”.
O futuro:
“O Brasil se levantará, será um milagre de iniciativas singelas por falta das quais uma vitalidade desmedida não conseguia até então ser fecunda. A ascensão do Brasil ao contrário a de outros países, não passará por ódios e guerras. E a chegada do Brasil ao conserto das grandes nações ajudará a forçar a substituição de um consenso autoritário por uma diversidade libertadora, juntando homens e mulheres que não confundem o realismo com a rendição”.
Roberto Mangabeira Unger
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