terça-feira, 12 de junho de 2007

Palestina sem política

Os piores confrontos entre combatentes do Hamas e do Fatah aconteceram em Jabaliya, norte da Faixa de Gaza, e prosseguiam ao cair da noite. Os combatentes islâmicos do Hamas conseguiram controlar a base da Segurança Nacional, um serviço fiel ao Fatah, do presidente Mahmud Abbas, segundo testemunhas e líderes locais.
O ataque com lança-granadas e armas automáticas contra a maior base da segurança do norte de Gaza foi lançado pelo Hamas à tarde. A operação terminou com 15 mortos, a maioria combatentes, mas também com alguns civis entre as vítimas, segundo fontes médicas.
Os homens do Hamas tentaram tomar à noite outro quartel, em Maghazi, no centro da Faixa de Gaza, segundo fontes da segurança.
Nos conflitos que se sucederam entre as duas facções em Jabaliya, Khan Yunes, Deir el Balah e Gaza morreram outras 13 pessoas.
Segundo fontes do hospital Chifa, mais de 150 pessoas ficaram feridas.
Com isto, eleva-se a 50 o número de mortos na nova onda de violência interpalestina desde quinta-feira passada.
À noite, o comitê central do partido Fatah, dirigido por Mahmud Abbas, anunciou que retirará seus ministros do governo de união se prosseguirem os combates com o movimento Hamas.
O comitê central divulgou um comunicado com esta posição depois de uma reunião de mais de duas horas em Ramallah.
A presidência palestina acusou o Hamas de preparar um "golpe de Estado" e o Fatah denunciou uma campanha "para acabar com a Autoridade Palestina e criar uma república de ódio e de morte em Gaza".
Em comunicado, as Brigadas Ezzedin Al Qassam, o braço militar do Hamas, decretaram "o norte da Faixa de Gaza zona militar fechada" sob seu controle e pediram aos membros dos serviços de segurança fiéis ao Fatah que "permanecessem em suas casas".
Os confrontos aconteceram depois de vários ataques com morteiros perto do escritório de Abbas, e contra a casa do primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, sem causar vítimas.
Abbas está em Ramallah, na Cisjordânia, e Haniyeh também não estava em casa durante os ataques.
As ruas de Gaza estão ocupadas por combatentes fortemente armados, que levantaram barricadas ou se posicionaram nos telhados, enquanto ativistas de um ou outro lado controlavam os poucos motoristas.
A violência se estendeu à Cisjordânia, na cidade de Ramallah, onde um dirigente do Hamas foi seqüestrado e um escritório da rede de televisão Al Aqsa do Hamas foi fechado pela guarda presidencial de Abbas.
O governo de unidade foi formado em março pelo Fatah e o Hamas depois de um acordo firmado na Arábia Saudita para pôr fim aos conflitos internos que causaram centenas de mortos.
A violência ressurgiu em maio, devido principalmente a divergências sobre o modo de aplicação de um plano para reforçar a segurança nos territórios.
Estes combates, que deixaram novamente dezenas de mortos, foram concluídos com um cessar-fogo no dia 19 de maio, mas recomeçaram em 7 de junho.


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