quarta-feira, 2 de abril de 2008

Obama na Piauí

Existem três coisas que os políticos democratas tendem a fazer toda vez que entram em contato direto com os eleitores que representam: demonstrar um conhecimento impressionante de cada pormenor dos seus problemas, especialmente os que envolvem dinheiro; despertar a indignação, apontando que esses problemas são provocados pelos grupos poderosos que só pensam em enriquecer à custa das pessoas comuns; e apresentar propostas políticas formuladas com o maior cuidado, pois, caso fossem aprovadas, poderiam solucionar esses problemas e pôr os grupos poderosos no seu devido lugar. Obama raramente faz qualquer dessas três coisas. Sua tendência é demonstrar um conhecimento apenas modesto dos assuntos, parecendo menos informado do que na verdade é. Raramente faz acusações, preferindo falar sobre os problemas na voz passiva, como coisas que estão erradas conosco, e não coisas erradas que fizeram conosco. E as soluções que propõe geralmente parecem modestas e locais, não de alcance profundo e nem sistêmicas. Obama já presidiu a várias conferências sobre saúde. Nelas, sempre se mostra calmo e relaxado, como que decidido a poupar energia. Caminha devagar de um lado para o outro, dá meia-volta, balança a cabeça. Faz sempre seus comentários num tom neutro e desapaixonado. Não manifesta piedade para com a doença, desprezo pela burocracia e nem indignação com a injustiça. Diz que o sistema está avariado e precisa de conserto, mas não procura transmitir nenhuma urgência especial. Esse seu comportamento é muitas vezes definido como professoral, e o próprio Obama costuma comparar essas conferências às aulas de direito constitucional que dava na Universidade de Chicago. Mas “professoral” implica algo cerebral ou didático, o que não é o caso. A despeito de todas as críticas que já recebeu, Obama permanece fiel ao que parece ser um instinto que lhe diz que o lugar de estudos é em sites da internet, e não nos seus discursos. É surpreendente, tendo em vista os resultados eleitorais recentes, que não lhe dêem mais crédito pela astúcia dessa postura. (...)


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